Excesso de fios em postes é alvo de reclamações de comerciantes em Mogi das Cruzes
21/11/2025
(Foto: Reprodução) Excesso de fios em poste no Centro de Mogi das Cruzes
Thiago Caetano/g1
Ao caminhar pelo Centro de Mogi das Cruzes, é impossível não reparar no emaranhado de fios que toma conta dos postes.
O que parece apenas um problema estético, comum nas grandes cidades, coloca pedestres em risco e provoca prejuízos para os comerciantes que convivem com quedas constantes de internet.
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O cenário é o mesmo em toda a região central. Em pelo menos oito pontos da rua Coronel Souza Franco e cinco na Barão Jaceguai, a reportagem do g1 encontrou excesso de fios nos postes.
A comerciante Elaine Nogueira, de 47 anos, tem uma loja de eletrônicos há dois anos na rua Coronel Souza Franco. Ela contou que a situação é antiga e que caminhões que circulam pelas ruas do Centro esbarram na fiação.
E a consequência, segundo a comerciante, é a queda do sinal da internet que afeta o estabelecimento que está cadastrado em uma plataforma de e-commerce.
"Desde que cheguei aqui tem esse problema. O caminhão passa, derruba o fio e a frente da loja fica horrível, com os cabos caídos. A internet vive caindo e é muito perigoso para nós pedestres", disse.
Bira Marques é proprietário de uma loja de estofados na Coronel Souza Franco e também destacou o tráfego de veículos pesados na região.
"Aqui tem muito tráfego de caminhão e às vezes passa um arrancando os fios, que ficam jogados no chão. Ficamos sem internet e acaba traz um desconforto para nós. A empresa responsável vem, resolve o dela e vai embora. Ela não pode mexer nos outros e fica um jogando para outro", afirma.
A situação se repete na rua Barão de Jaceguai. Wellington Simões, de 39 anos, trabalha há cinco anos em uma loja de instrumentos musicais. Para ele, a situação ficou mais frequente nos últimos três anos.
"Várias vezes ficamos se internet. Nós atendemos via WhatsApp e isso nos prejudica. Caminhão e ônibus arrastam os fios e muitos ficam pendurados. Quem passa pela calçada pode esbarrar e é perigoso. Não sabemos se é energizado ou não", relata.
A bióloga Adriana Bravim, de 53 anos, também cobrou uma solução. "Tem fiação que fica na calçada e você não sabe se é perigoso ou não. Aglomerados de fios que podem cair a qualquer momento, dar um curto circuito. É muito feio de ver.".
A EDP, concessionária de energia elétrica no Alto Tietê, informou que a fiação pertence a empresas de telefonia. Já a Vivo informou que enviou uma equipe técnica ao local e solucionou o problema. A Tim destacou que não tem cabeamento nos endereços citados. A Claro afirmou que sua rede está adequada nos endereços citados e que segue os padrões estabelecidos em regulamentos e normas técnicas para instalação de fios. (veja a resposta completa abaixo).
A Prefeitura de Mogi das Cruzes reforçou que tem feito cobranças à EDP para reorganizar os cabos pela cidade.
A administração municipal ingressou com uma ação civil pública contra a concessionária. Uma liminar determinou que a EDP resolvesse a situação precária em 18 pontos centrais da cidade e apresentasse um plano de manutenção de todo o perímetro. A empresa recorreu da decisão.
O Procon chegou a multar a concessionária em R$ 13,7 milhões por falhas no fornecimento de energia elétrica e pela falta de manutenção na fiação dos postes em diversos pontos da cidade. Segundo a Prefeitura, foram contabilizadas 168 reclamações de moradores referentes à fiação desde janeiro.
A Associação Comercial informou que vem apontando e cobrando providências sobre o problema do excesso de fios e cabos soltos ou aglomerados nas principais vias comerciais do município.
Ela classificou a situação como temerária, tanto pelo risco à segurança de pedestres e comerciantes quanto pelo impacto negativo na paisagem urbana.
Diferenças
Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a diferença de função entre os fios de telefonia, internet e energia determinam a construção, o isolamento e a necessidade de blindagem específica para cada fio.
Os cabos de energia são mais robustos e possuem um isolamento específico para suportar os níveis de tensão e corrente. Os fios de telefonia e internet tendem a ser mais finos e são projetados para minimizar interferência no sinal transmitido.
Responsabilidades
De acordo com a Anatel, a responsabilidade pela gestão da ocupação de postes é das distribuidoras de energia elétrica. Em contrapartida, cabe às empresas de telefone e internet cumprir a legislação e corrigir irregularidades apontadas pelas companhias de luz.
Fios emaranhados em frente `Associação Comercial de Mogi das Cruzes
Thiago Caetano/g1
Leia a nota completa da Vivo
"A Vivo informa que enviou uma equipe técnica ao local e a fiação foi regularizada.
A companhia reforça que monitora permanentemente a qualidade e a segurança de sua rede e orienta a população a entrar em contato para informar sobre cabos soltos ou rompidos através do nosso site."
Leia a nota completa da Claro
"A rede da Claro está adequada nos endereços mencionados pela reportagem. A operadora reforça que segue os padrões estabelecidos em regulamentos e normas técnicas para a instalação de fios e possui uma rotina preventiva e proativa de manutenção e adequação do cabeamento nas ruas das cidades. Além disso, segue os padrões técnicos da concessionária de energia elétrica, responsável pelo aluguel dos postes."
Leia a nota completa da EDP
"A EDP informa que os cabeamentos em questão pertencem e são de responsabilidade de empresas de telecomunicação. Essas empresas são responsáveis pela operação, manutenção e recolhimento de seus cabos e equipamentos. A concessionária informa, ainda, que notificou as companhias responsáveis para que adequem os cabos o quanto antes.
Vale ressaltar que as intervenções nos cabos de serviços de telecomunicações/internet devem ser sempre realizadas pelas empresas proprietárias dos referidos cabos, tendo em vista o risco de interrupção na prestação dos serviços de telefonia/internet, que são essenciais para a sociedade em geral e, em especial, para hospitais, escolas, segurança pública, órgãos públicos, entre outros."
Leia a nota completa da Associação Comercial
"A Associação Comercial de Mogi das Cruzes (ACMC), sob a presidência de Fádua Sleiman, informa que há anos vem apontando e cobrando providências sobre o problema do excesso de fios e cabos soltos ou aglomerados nas principais vias comerciais do município, como a rua Barão de Jaceguai e a rua Coronel Souza Franco.
Para a entidade, essa situação é preocupante e temerária, tanto pelo risco à segurança de pedestres e comerciantes quanto pelo impacto negativo na paisagem urbana e na imagem do centro da cidade.
A ACMC destaca que segue cobrando posicionamento e ações efetivas da EDP e das empresas de telefonia para a retirada de fiação inativa e a organização adequada da rede aérea, reforçando que o tema é recorrente nas pautas apresentadas pela instituição aos órgãos competentes."
Leia a nota completa da Prefeitura de Mogi das Cruzes
"A Prefeitura de Mogi das Cruzes informa que, desde o início do ano, vem cobrando a empresa EDP para que seja feita a regularização da fiação na cidade, inclusive das empresas compartilhantes.
Em maio, a Prefeitura ingressou com Ação Civil Pública contra a EDP. A decisão liminar do juiz Bruno Machado Miano determinou que a EDP resolvesse a situação precária em 18 pontos centrais da cidade e apresentasse um plano de manutenção de todo o perímetro de Mogi das Cruzes. A EDP recorreu da decisão e haverá julgamento do recurso pelo Tribunal de Justiça em 18 de novembro.
Em reforço ao trabalho da Prefeitura para garantir a melhoria do serviço da EDP para o cidadão, em junho, o Procon de Mogi das Cruzes emitiu multa de R$ 13,7 milhões contra a concessionária, confirmando o direto prejuízo causado ao cidadão mogiano.
Desde 1º de janeiro, a Ouvidoria Geral de Mogi das Cruzes recebeu 168 reclamações de moradores referentes à fiação. Já o Departamento de Fiscalização de Posturas notificou a empresa EDP 82 vezes por problemas relativos à fiação aérea.
Importante que a população registre as reclamações nos canais oficiais da empresa EDP. Na Prefeitura, podem ser registradas pelo telefone 156, da Ouvidoria, ou pelo aplicativo Colab."
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